No contexto da rica história do Ceará Sporting Club, emerge uma narrativa proposta por Aníbal Câmara Bonfim, um dos fundadores do América Football Club, que atribui a origem do apelido “Vovô” ao presidente da época, Meton de Alencar Pinto. De acordo com Aníbal, a alcunha teria surgido de maneira afetuosa, quando Meton chamava os jovens jogadores de “meus netinhos” durante os treinos, dando origem à carinhosa denominação que se tornou parte inseparável da identidade do clube. Entretanto, uma análise mais aprofundada revela contradições nessa narrativa. Registros do ano de 1936, provenientes do jornal A Razão, já referem-se ao Ceará como “Vovô”, lançando dúvidas sobre a afirmação de Aníbal de que Meton teria atribuído o apelido antes de 1944. Nesse ano, o clube adquiriu sua sede própria, o que torna questionável a alegação de Meton ter chamado os jogadores de “meus netinhos” em “sua casa” antes desse período.

Uma teoria mais consistente sugere que o apelido “Vovô” pode ter raízes mais profundas na história do clube. Um artigo de 1936, assinado por Jura e publicado no jornal A Razão, já menciona o Ceará como o “veterano dos nossos clubs, o Vovô”, indicando que a designação já era parte integrante da cultura do futebol cearense antes do relato de Aníbal. Dessa forma, é plausível considerar que o apelido carinhoso pode ter se originado organicamente da longevidade e tradição do Ceará Sporting Club, sendo reverberado na cultura popular bem antes das supostas brincadeiras de Meton. Essa interpretação não diminui, de modo algum, a importância de Meton de Alencar Pinto na trajetória do clube, que permanece como uma figura central e um dos maiores patronos da instituição. Em síntese, a origem do apelido “Vovô” para o Ceará Sporting Club parece estar mais intrinsecamente ligada à tradição e à antiguidade do clube, corroborada por registros de 1936. Isso destaca a riqueza da história do clube e a forma como certas tradições se entrelaçam organicamente com sua identidade ao longo do tempo.